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O clima na bacia hidrográfica

do rio das Velhas

Tese doutoral defendida

em julho de 2021

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O clima é um dos elementos naturais de maior importância para a organização espacial nas bacias hidrográficas, influenciando os processos de modelagem da superfície, a quantidade e distribuição de água.

Conhecer as características climáticas de um local é imprescindível para o planejamento de ações que visam a melhoria da qualidade ambiental e de vida das populações. Por isso, esta pesquisa teve a missão de caracterizar o clima na bacia hidrográfica do rio das Velhas, tendo como principal produto a elaboração de um mapa de unidades climáticas regionais da bacia.

Este mapa servirá de subsídio aos gestores e à comunidade envolvidos no manejo de projetos de revitalização do Velhas, um dos mais importantes cursos d'água do estado de Minas Gerais e o maior tributário do rio São Francisco.

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Velhas e novas paisagens 

do Uaimií ao Guaicuí

A bacia hidrográfica do rio das Velhas compreende

um mosaico de paisagens que tanto influenciam

quanto são influenciadas pelo clima. A história de ocupação perpassa pela atividade minerária na alta bacia, a pecuária e agricultura no médio e baixo Velhas e a urbanização intensa em Belo Horizonte e região metropolitana (RMBH).

A bacia também é divida por dois biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado, e pelo contraste entre as serras altas do Quadrilátero Ferrífero e do Espinhaço, e as terras baixas e planas da depressão do São Francisco. Essa miscelânea de paisagens está impressa nos variados climas da bacia, que junto à cultura e os modos de viver, destacam a riqueza do território Velhas.

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O que manda no clima do Velhas?

Os componentes do clima, que consistem na temperatura do ar, nas chuvas, nos ventos, tanto influenciam quanto são influenciados pelas características da superfície em diferentes escalas. Assim, ao mesmo tempo em que numa escala micro a presença de uma árvore gera sombra e diminui a temperatura do ar em relação a área não sombreada, numa escala maior a diferença de altitude entre duas regiões pode distinguir a temperatura do ar entre elas.

Na bacia do Velhas algumas características da superfície são muito importantes para a geração de unidades climáticas distintas dentro da bacia. As mais importantes, em ordem de prioridade sobre o comportamento dos componentes do clima são:

O relevo

O relevo mais alto e movimentado gera temperaturas mais baixas e precipitação mais elevada na bacia, ao contrário das áreas mais baixas e planas que são mais quentes e secas.

A latitude

As áreas de latitude mais baixas, próximas à foz do Velhas, são mais quentes e secas, já que recebem mais radiação solar e menor incursão de sistemas atmosféricos úmidos, ao contrário das áreas de maior latitude.

O uso e ocupação da terra

O uso e ocupação da superfície influencia o clima no Velhas principalmente na RMBH, onde a impermeabilização do solo em uma área extensa gera a elevação das temperaturas mínimas locais, gerando uma subunidade do clima.

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E afinal, como

   é o clima do Velhas?

O clima da bacia do rio das Velhas, em uma escala regional,é apresentado a seguir.

Se quiser saber mais detalhes, clique em

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O clima da bacia hidrográfica do Rio das Velhas é marcado pela influência da altitude e do modelado do relevo. Assim, foram identificadas as unidades climáticas  apresentadas na figura abaixo.

Os climas locais A1 e A2 estão localizados no Quadrilátero Ferrífero, porém o primeiro nos Patamares Elevados e o segundo nos Patamares Rebaixados da região. A área abrangida pelo clima A1 compreende altitudes acima dos 1000 metros na maior parte de sua extensão, enquanto na área do clima A2 a altitude varia entre 751 e 1050 metros. Essa diferença provoca uma redução da precipitação na unidade A2 em relação a A1 da ordem de 100mm e uma diferença de temperatura média significativa. Enquanto na unidade A1 as temperaturas médias variam de 16,1°C a 18,1°C, na unidade A2 a temperatura vai de 18,2°C a 20,2°C.

O clima B diferencia-se dos climas locais associados ao clima sub-regional A pela variação de altitude na unidade que é menor do que na primeira, indo de 1201m a 1836m. Devido a ela, as temperaturas e precipitação também variam menos do que no clima sub-regional A. A temperatura média fica entre 16,1°C e 18,1°C e a precipitação vai de 1421mm a 1640mm.

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A unidade C1 – Clima do Planalto de Diamantina possui altitudes mais elevadas do que as demais unidades do clima Sub-regional C. No entanto, é também a unidade onde ocorre a maior variação de altitude (1051m a 1564m). Em função desse desnível a temperatura média pode variar até 2,0°C (17,2°C a 19,2°C). Essa é também a unidade mais chuvosa dos climas locais submetidos à unidade sub-regional C, com precipitação variando entre 1311mm e 1420mm, 4 meses secos no ano e excedente hídrico anual médio de 637,7mm. 

A unidade C2 – Depressão de Gouveia caracteriza-se por um rebaixamento estrutural do relevo inserido na unidade C1. A temperatura média do ar nessa unidade varia menos do que na C1 ficando entre 18,2°C e 19,2°C. Apesar da diferença de altitude, a precipitação média nesta unidade é semelhante a C1, em função dessa estar confinada na primeira, sofrendo a influência da passagem dos sistemas atmosféricos que atuam na primeira e o excedente hídrico varia de 215mm a 500mm, até 250 mm menor do que na unidade C1.

A unidade C3 – Clima do Planalto do Espinhaço e Serra do Cabral consiste em uma área de altitude semelhante a unidade C2, porém com menor variação de altitude. Nesta unidade a precipitação é em média de 200mm a 220mm inferior do que nas unidades C1 e C2, porém nessa caso a altitude não é o único fator envolvido nos totais pluviométricos reduzidos dessa unidade, mas sua localização tanto latitudinal, onde sofre menor influência de sistemas úmidos transientes, e longitudinal já que a oeste dessa unidade, fora dos domínios da bacia hidrográfica do Rio das Velhas, há uma extensa área elevada sobre a qual a precipitação, influenciada pela circulação de leste, se deposita primeiramente. Aí também, a latitude em conjunto com a altitude condiciona temperaturas médias cerca de 1,0°C maiores do que nas unidades anteriores, variando entre 21,3°C e 22,2°C.

A unidade C4 – Clima dos Patamares Rebaixados do Espinhaço consiste em um clima de transição entre as áreas elevadas da serra do Espinhaço e as áreas mais rebaixadas e planas da bacia, localizadas na depressão do Rio São Francisco. A altitude média nessa unidade pode ser até cerca de 400m menor do que nas demais unidades. A temperatura média varia entre 21,3°C e 22,2°C. Diferente das demais unidades submetidas ao clima C, o balanço hídrico anual é deficitário, sendo uma área de transição entre as regiões de excedente e déficit hídrico na bacia.

A unidade D – Clima do Médio Alto Velhas está localizada numa área de Clima Tropical de Altitude, porém em uma região de transição para os Clima Tropicais Típicos. A precipitação média é de 1398,4mm e a temperatura média é de 20,3°C. Nessa região, embora o excedente hídrico anual seja cerca de 33% menor do que nos climas A e B, ele é ainda é alto, uma média de 460,9mm excedentes anuais. 

A unidade E1 – Clima do Médio Velhas Transicional compreende uma área de transição entre o clima tropical de altitude e o clima tropical típico, enquanto a unidade E2 – Clima do Médio Velhas Típico está inteiramente inserido nesse último.  Dessa forma, o clima E1 apresenta totais pluviométricos entre 1311mm e 1420mm anuais e excedente hídrico anual entre 251mm e 500mm anuais. Apesar disso, essa região compreende 5 meses secos no ano e 6 meses de déficit hídrico. A altitude e o modelado do relevo são semelhantes entre as unidades E1 e E2, embora na unidade E1 a altitude decai gradualmente em seus limites com a unidade D, tornando o relevo mais ondulado do que na unidade E2. Assim, a temperatura média dessas unidades difere em cerca de 1,0°C. Enquanto na primeira o atributo varia entre 20,3°C e 21,2°C, na segunda varia entre 21,3°C e 22,2°C. A unidade E2 apresenta totais pluviométricos em uma média de cerca de 140mm a menos do que a primeira, variando entre zero e 250mm ao ano, efeito da perda de umidade gradual que os sistemas atmosféricos úmidos migratórios sofrem ao passarem pelo quadrilátero e se movimentarem em direção ao baixo velhas. 

No baixo Velhas há a configuração de duas unidades climáticas: G1 – Clima das Terras Baixas do Velhas e G2 – Clima da Foz. Essas unidades são marcadas pela baixa precipitação em comparação com as demais áreas da bacia e a deficiência hídrica anual. A unidade G1 encontra-se em terreno suavemente ondulado a plano, em altitudes que variam de 453m a 750m. Já a unidade G2 encontra-se em terrenos planos, em uma altitude média de 585 metros. Dessa forma, a temperatura do ar média é maior na unidade G2 em relação a G1, assim como as características pluviométricas são mais extremas, chegando a um déficit hídrico anual de até 240mm e 5 a 6 meses secos no ano.

Importante destacar que as unidades locais do clima sub-regional G-Terras Baixas do Velhas estão circundadas por dois anteparos orográficos importantes: a Serra do Repartimento a oeste, cuja extensão compreende o clima sub-regional F, e a Serra do Cabral a leste, a qual insere-se no clima sub-regional C. Das áreas que compreendem as unidades C e F partem afluentes importantes que banham os climas locais da unidade G, como o Rio Bicudo e o Rio Curimataí, assim como importantes cursos d’água de contribuição direta. A região do clima G compreende atividades agropecuárias que dependem da irrigação provinda desses cursos d’água. Nessas unidades o efeito da latitude sobre as temperaturas é visível, uma vez que a presença da Serra do Cabral e da Serra do Repartimento nos arredores demonstra uma queda da temperatura média do ar.

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